terça-feira, 18 de setembro de 2018

Por o que chorar?

Eu posso sentir, que a cada segundo partes do meu coração estão se endurecendo. Estou matando dentro de mim o que foi plantado, eu não saberia dizer o que foi ou quem foi, apenas sinto. Mas de tempo em tempos, nasço e morro. 
Eu sempre terei algo de bom em mim, eu sei. Mas já não me incomoda saber que a outra parte também sempre será ruim e até incontrolável. Sou formada de amor e ódio, de céu e inferno, de tudo e de todos.
Encontro coisas, perco coisas, algumas eu nem me lembro e outra, nossa... que saudade. 
Adoro fotografias, elas me trazem o frisson dos momentos de tal jeito que posso reencontrá-los. Mas elas me agonizam, pois é tudo tão clean. Sinto falta da beleza das tristezas, pois não pode ser apreciadas nos registros.
Descobri o devido valor da dor, elas que me fazem grande. Em remota possibilidade me sinto forte em não conseguir ser aquela que um dia fui. Já fui durona, extravagante, recatada, sensível, frágil, ignorante, prepotente, bem humorada, ótima companhia ou não...
Já me esforcei, já me dediquei, já falei as verdades do meu coração, mas não era o momento.
Já menti, já toquei o foda-se, mas também não era o momento.
E a regra é estar numa busca constante de crescer e se curar.

Haverá um dia a estabilidade de todo esse mix?

No budismo gera a consciência de que nada é permanente que tudo está em constante transformação, ideia que tenho fé.

Horas sou melhor do que era, horas pior, tudo isso pela bagagem e calor do momento. E não é que nunca mais irei chorar, só que agora eu analiso se vale a pena. É difícil montar essa máquina que é identificada como vida, mas é possível olhar para o passado e ver grande parte desse feito, por isso concluo, ter qualidades é maravilhoso, mas ter defeito é a outra metade para completar o trabalho.

Do cenário "Partes de mim"